A mulher atleta de alta performance e a medicina esportiva

Ao longo dos anos, a presença das mulheres no meio esportivo tem crescido de forma expressiva. As olimpíadas são um exemplo claro disso, praticamente metade dos atletas que competem são mulheres.

Mas não para por ai, os jogos universitários e a presença feminina em academias esportivas também tem se destacado no mundo todo, e no Brasil não seria diferente, as mulheres estão cada vez mais empoderadas e ganhando o seu merecido espaço dentro dos esportes, mostrando que a capacidade para a alta performance não tem restrições apenas para os atletas homens.

São centenas de benefícios que o esporte traz para a vida e saúde feminina. Porém, para uma atleta de alta performance, alguns cuidados especiais devem ser tomados, pois pode gerar consequências graves para a saúde reprodutiva.

Nesse artigo falarei um pouco sobre o empoderamento feminino no esporte, e como a medicina especializada é cada vez mais importante. As atletas de alta performance necessitam de acompanhamento profissional para manter o rendimento e ficar longe dos riscos que o estresse físico e emocional pode causar.

Consequências da cobrança excessiva

Embora a cobrança de uma mulher atleta que se dedica a alta performance, é um peso que pode partir dela mesma ou dos técnicos e patrocinadores, a pressão está presente em todas as partes, e as consequências hormonais podem ser bem sérias.

Ao passar por alterações no estado físico e mental, o sistema endócrino feminino passa por algumas repercussões, as competidoras mais jovens podem por exemplo retardar a puberdade, pelo fato do eixo hormonal se desorganizar, pois o mesmo ainda é imaturo nas atletas mirins, as bailarinas e nadadoras são grandes exemplos disso, podendo retardar a primeira menstruação em até quatro anos.

Como as atletas são afetadas

Mulheres atletas podem sofrer alterações hormonais que podem causar alterações do ciclo menstrual que podem interromper a menstruação ou espaçar os sangramentos.

A baixa produção dos hormônios femininos nestas mulheres podem trazer repercussões graves ao longo prazo como diminuição da densidade óssea, predispondo-as à fraturas e aumento do risco de osteoporose. Atletas de alta performance são comumente afetadas por alterações menstruais que devem ser investigadas e tratadas.

Contudo, a interrupção completa da menstruação ou a escassez da mesma, e a baixa produção de progesterona, são alguns dos problemas mais comuns que as atletas podem enfrentar. Para se ter um exemplo concreto a maioria das bailarinas profissionais tem a sua menstruação interrompida, fato que se reflete em outras modalidades, como no caso das corredoras de alta performance, e até mesmo para as ciclistas e nadadoras.

A importância do acompanhamento profissional

A ginecologia dentro da medicina esportiva, deve ser a maior aliada na vida de uma atleta de alta performance, além de assegurar os benefícios do exercício para a saúde e proporcionar o aumento de desempenho de forma segura, deixa a mulher fora dos riscos, impedindo que doenças e incômodos tenham peso direto em seus treinos e rendimentos.

Ainda assim, métodos contraceptivos devem ser bem analisados nas pacientes que praticam exercícios físicos, uma vez que os hormônios podem afetar diretamente o rendimento esportivo das mulheres atletas.

Além disso é essencial neste grupo de mulheres uma contracepção que não afete a produção de hormônios importantes para o ganho de massa magra e disposição, como a testosterona e estrogênio, que estão relacionados à melhora da disposição das atletas.

Ginecologia do Esporte

Em resumo, a ginecologia do esporte tem como objetivo atender de forma individualizada cada uma das esportistas, propor a melhora de desempenho e evitar eventualidades que são muitas vezes desconhecidas, como no caso da tríade da mulher atleta e incontinência urinária.

No entanto, é possível também buscar métodos contraceptivos que não afetem de maneira negativa a produção hormonal, minimizar os sintomas da TPM e individualizar os treinos baseado em cada fase do ciclo menstrual para otimizar o rendimento da mulher que pratica atividades físicas.